Dados são da Secretaria da Segurança Pública e levam em conta a série histórica contabilizada desde 2001. Região da cidade registra, em média, um roubo a cada 30 minutos.
Número de roubos no Centro de SP bate recorde nos oito primeiros meses de 2023; índice é o maior dos últimos 22 anos
Data
27/Out
O número de roubos registrados no Centro da cidade de São Paulo voltou a bater recorde este ano. Desde agosto, os números totais ultrapassam a série histórica da Secretaria da Segurança Pública. Em setembro, o índice foi novamente superado.
Ao todo, foram registradas 16.569 ocorrências de roubo nas oito delegacias da região central entre janeiro e setembro deste ano — o maior número para o período desde 2001.
O 3º Distrito Policial (DP) - Campos Elíseos foi o que mais registrou assaltos, com 5.231 ocorrências, seguido do 1º DP - Liberdade, com 3.480.
Cracolândia
O alto índice de criminalidade, associado à presença do fluxo da Cracolândia, tem impactado diretamente na vida dos moradores e comerciantes da região.
O empresário Daniel Bernardini optou por fechar a loja física de produtos de refrigeração que sua família comandava há quase 50 anos após o comércio ser invadido quatro vezes.
"Foi o segundo tombo que a gente tomou depois da pandemia. A pandemia pegou o mundo inteiro, mas a Cracolândia foi a pá de cal, foi realmente o que fez com que a gente parasse para tomar essa decisão", contou Daniel à TV Globo.
As circunstâncias o fizeram mudar o modelo do comércio e migrar para o ambiente virtual.
"O cliente não quer saber disso. Ele sabe que a região central de São Paulo está difícil, está problemática. Por causa desses roubos recentes, os clientes não estão vindo mais, não só aqui, na Avenida São João, na Rua Helvétia, na Alameda Glete também".
Violência e insegurança
A região reflete a espiral da violência na capital paulista. O problema se arrasta há décadas e é tratado de diferentes formas a cada nova gestão.
Nos últimos anos, a prefeitura e o estado passaram a realizar ações policiais para dispersar usuários de drogas que ficavam concentrados em determinadas ruas.
A medida fez com que os usuários se espalhassem pela região e afetou a vida de comerciantes e moradores, que relatam o aumento da violência e insegurança.
O que diz o governo
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirma que as forças de segurança estão direcionando esforços para combater a criminalidade no centro de São Paulo, "região considerada prioritária pela pasta."
"No último dia 10, a SSP entregou 88 novas motocicletas à Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Já no último mês, a Polícia Militar inaugurou nova sede da 2ª Companhia do 7º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M), que passou a atender na República. Essa iniciativa reforçou a capacidade de resposta rápida das forças policiais, permitindo uma presença mais eficaz nas áreas mais movimentadas."
A pasta ainda aponta que apesar de contabilizar o maior número da série histórica, a região registra queda nos índices.
"Entre janeiro e setembro deste ano, a região testemunhou uma queda de 1,38% nos casos de roubo em geral, o que equivale a 268 incidentes a menos em comparação com o mesmo período do ano anterior. Paralelamente, o número de pessoas presas ou apreendidas aumentou em 29,65%. Um total de 4.932 infratores foram detidos, representando um acréscimo de 1.128 prisões em relação a 2022. As atividades também resultaram na retirada de 107 armas de fogo ilegais das ruas, enfraquecendo as atividades ilícitas na região central. Essas ações intensivas estão contribuindo para tornar o centro de São Paulo um ambiente mais seguro para os residentes e visitantes."
"Desde o início do ano, o policiamento na área foi reforçado com 120 policiais militares a mais no efetivo diário. Como resultado, de abril até setembro, os roubos caíram em 14% e os furtos 4,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior."